Crônica da vida
Uma senhora, muito trabalhadora, mãe de família assumidíssima, tinha a felicidade de todos os dias ouvir de seu marido ao chegar em casa:
- Como vai, tudo bom?
E ela respondia sem mesmo o encarar ou dar-lhe um afago:
- O que tem de bom?
E ele dizia:
- O bom é ter você.
No dia seguinte chegava ele da sua rotina de trabalho que fazia com prazer por amá-la e perguntava:
- Como vai, tudo bom?
E ela como sempre respondia a mesma coisa e da mesma maneira.
Mas nem por isso ele deixava de amá-la, pois sabia da sua dedicação.
Os dias iam se passando, e a mesma coisa acontecia.
Certo dia, no mesmo horário de seu marido chegar, alguém bateu a porta.
Quando ela abriu, era a vizinha da frente, que lhe perguntou:
- Como vai, tudo bom?
E ela respondeu um pouco pior do que costumava responder para o marido.
Então a vizinha lhe disse:
- É na realidade não tem nada de bom. Vim aqui lhe dizer que seu esposo foi fazer uma viagem.
A mulher se indignou e disse:
- Como pôde viajar sem me avisar? Depois quando chegar em casa irá perguntar: Como vai, tudo bom? Claro que nunca terá nada de bom.
Vendo a vizinha que ela não compreendia a mensagem disse:
- "a viagem que seu esposo fez não terá retorno".
E disse mais a vizinha: " ele todos os dias estava tentando dizer que estava se preparando para isso, mas não achava espaço pra falar. E pediu para lhe dizer, que apesar de ir e não poder mais voltar " O BOM DELE É TER VOCÊ".
Então aquela mulher caiu em si e meditou:
" Quanto tempo perdido, quantas oportunidades de estar e conversar, e nem sequer o olhava."
No túmulo ele pediu para que gravasse: "O BOM PRA MIM É TER VOCÊ", para que ela soubesse que apesar da sua partida ele a amava.
Daquele dia em diante, aquela mulher passou a valorizar não só as palavras, mas, as necessidades que estavam tão patentes porém, as preocupações com coisas banais lhe cegaram.
Reflexão do texto: " Esforce-se para enxergar, enquanto existe algo para se ver".
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